EU TAMBÉM "NÃO SABIA"
Eu não sabia que depois da noite
Nos haveria o espanto
Da escuridão do açoite!
Que algum poder ainda ousaria
Nos desligar o sol
Que da noite vinha.
Eu não sabia que o notório óbvio!
O das inverdades tão pungentes!
Arrefeceria as ilusões das gentes.
Eu não sabia que da terra santa
De tão sagrada vinha!
Verteria o sangue das vidas frias.
Do suco vinho de vermelho rubro
Um destino amargo,
Obscuro rumo.
Que dos ossos fracos da fome holística
Ressonariam ecos...
De tanta morte artística.
Que sob a tenda armada
Dos incontáveis circos
A cidadania correria riscos...
Que do óleo preto, vilipendiado
Sugariam a seiva!
Do trabalhador suado.
Eu nunca soube que pela chuva ácida
Se calariam as dores
Das figurativas Áfricas.
Que da mata seca e dilapidada
Só brotariam flores
Desidratadas.
Eu não sabia que da anestesia
Despertariam vozes
Em demasia.
Que da urna santa, em vis alianças!
Se refaria a História
A que nos espanta.
E que frente às lei da Natureza
Não se convém a inércia
Das realezas...
Das vis mordaças do dia-a- dia...
Que a consciência se insurgiria,
Eu não sabia.