VELHA CIDADE
Lêda Torre
No texto híbrido dos meus versos,
Quero decantar esta velha cidade...
Onde teu povo disfarçado de mendigo e cego
A perambular pelas ruas, maltrapilho...
Andrajoso o pedinte de favores...
Numa cansada e em descaso a
Tua prole...
Nesta cidade – ilha, eu habito e você de fora...
Viemos de vários rincões.
Abrigar-nos neste lugar,
Devasso e corrompido por transeuntes
Que se apoderam do poder
Para nos deixar em completa ruína...
Cidade autêntica e velha...centenária,
Itinerando pelo centro histórico arruinado...
Às vezes disfarço e tento ignorar tamanha
Desgovernança... como se fôssemos reles ninguém...
Cadê o valor de tua raça, ó São Luis?
È numa simbiose abstrata e concreta
Paradoxalmente, nesse conjunto morfossintático,
semanticamente evocativo e transcendente em que
me encontro, viajo no tempo
para depois desse pesadelo, acordar
para a realidade nua, crua e madrasta...
Ó São Luis, capital querida,
Mesmo devastada pela ignorância deles,
Violentada pelos dogmas do falso progresso
Num limiar do século desde
Quando mudou muito pouco.
Solícitos somos sempre...
Aos ditames da cruenta realidade
Que camufla para quem é o bobo da corte,
Mas não a nós, maranhenses,
Até parece que sim...mas isso nunca!
Vimos com nossos próprios olhos
O entardecer tão belo que queremos
Ser dizimado pelos corruptos!
Mas, temos de fazer numa evocativa
Laudatória e suplicante, a oração para o nosso
Deus nos atender pela santa misericórdia,
E não esquecer-se de nós, seus filhos
Na certeza de que ainda vamos ter direção
Nesta velha cidade.
___São Luis, 9 de março de 2014______