DE PÉ PELO BRASIL

(para José Moreira da Silva e seus 50 anos de Poesia)

Devolvo o verso para o nordestino vencedor,

que poderia ter sido candango, teatino,

mas por ser lutador, comprometido com o seu tempo,

é milico graduado, advogado, escritor

e, de lança em riste se fez poeta.

Devolvo o verso, com um aperto de mão,

o tiro livre na garganta e o coração feliz.

Dentro de mim, como um lírio,

a pureza da poesia decanta mágoas, tristezas

e acompanho os sonhos com um bordão na mão.

O canto nordestino é identidade de tempo e verso,

agentes lúcidos e mudos, seus ícones seculares.

Alevanta-se o novo e o antigo: Antônio Frederico,

Joaquim José da Silva Xavier

e José Moreira da Silva têm as mesmas caras,

mercê do tempo, de seu modo de fazer

e da coragem de dizer e de amar.

Levantemo-nos todos, de pé pelo Brasil!

O curso do tempo e das coisas vagará pelo anil,

Brasil, Brasil, de pé pelo Brasil!

Do livro inédito DE QUANDO O CORAÇÃO ABRE A CORDEONA, 1978/2004.