Um gol de lama

Um gol de lama

Querer tão pouco, mas tão pouco! apenas chuva...

E uma enxada para plantar o meu sertão

Meu coração é ressequido pelo descaso

Anda descalço, é algaroba, morre não...

Quem sabe um poço para a sede aliviar

Manipular só minha terra e nada mais!

Pois do teu bolso, nada quero, nada peço!

Sou raça forte, que suporta tantos ais.

E a esta esdrúxula feiura destes ossos,

Que no meu solo até parece, plantação

Já teve nome, já deu leite, e alegria

Secou também, meus animais de estimação!

Não tem capim, não tem milho, nem feijão

Mas este solo em se plantando, tudo dá

Até remédio que em outras terras, tudo cura!

Mas é obscura a razão da solidão

Vida tão dura, numa alma tão bonita....

E é tão lindo o povo do meu sertão

Que é com lágrimas que olho esta bola

Ha um gol de lama, dentro de meu coração.

Márcia Poesia de Sá - Junho 2013