Doação
 
  
 
  Sentei à mesa de frente para uma imagem
  Que transcende a minha ideia de mulher
  Sabia do relato; surdo, ouvi sua mensagem...
  Calado, mão no queixo: ela sabe o que quer!
  Três horas de aula sem parar; só assuntos...
  Todos quietos, mudos; todos unidos, juntos.
 
 
  O repente tomou-me de supetão: o Inglês!
  Azarão que enlouquece até os mais fanáticos
  Pensei que todos ali sabiam sobre o freguês
  Mas nada! Nada de nada mesmo, fantásticos!
  Enganaram-me; enganam a si de propósito
  Quer aprender o Português: está no depósito!
 
 
  Trocaram a língua mãe pela mãe pátria saxônica
  Ilha de legados renegados pelo povo europeu
  Dominadores que se ergueram de terra faraônica
  Se não falar a língua portuguesa agora... meu!
  Porque Fernando, aquele de corpúsculo Platônico
  Que escreveu A Língua em versos, não é canônico!
 
  Aqui até a piada é traduzida para o inglês: sério!
  Nas campas, nas tampas, nos jazigos do cemitério
  Cometem impropérios: apagam as letras do Latim,
  Mas, felizmente, plantam rosas, “relvados” e jasmim
  Sai o barco do porto para atravessar o Rio Tejo
  Não há inglês por perto, vem a tristeza, já invejo
  O português de cá, não é o inglês de lá, eu juro
  Mas o inglês de cá, é melhor do que o de lá: puro!
 

 
Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 09/02/2013
Código do texto: T4132258
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