ALUCINADA ESCRITA DOS QUE AMAM

Desvirgino o verso como quem sabe

dos segredos: Pátria é esta mulher

em que mora a inocência.

O que sabemos de Ti se estamos de olhos

roxos, criando vultos de ausências.

Nós, aqueles de insólit(a)rota,

os que ainda fiam-se na esquina próxima,

cansados de (ex)pulsar demônios

em seus rotos vestidos de anjos.

Na permanente canção do tempo

nem o temor das perdas.

Pátria é a trincheira dos encontros.

É o fanal doido, inscrevendo a ironia,

sardônicos arabescos por onde passa.

Empolgado de luas, chora o violão.

Dentro de nós, os videntes do Nada,

o espírito cochicha o luminoso facho,

olhos fitos no conto-esperança.

Cantemos na voz dos cristais,

espargindo sombras: esmeraldas toscas,

auriverdes do nada.

A liberdade se autodesenha:

alegre dama da noite, nos cubículos, nas favelas.

Oxi(gênios) fogem do rio escuro.

No cais maduro, apenas peixes luminosos.

Pátria é o aquário em que se aprende a nadar.

Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 63.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/40630