FÉ NA URNA E PAU NA CRISE
FÉ NA URNA E PAU NA CRISE
Nós temos que dizer não A Eleição Indireta
Camponeses, operários,
Estudantes, professores,
Deputados e senadores,
Militares e empresários,
Crentes, ateus e vigário,
Aposentado e atletas
Venham se unir aos poetas
Cobrando o fuzilamento
Fazendo o sepultamento
Da Eleição indireta.
Verdadeiras excrescências
Podridões, doenças crônicas,
Essa Eleição Biônica
Foram negras reminiscências
De um tempo violento
Encoberto em mistério
Exceção vitupério,
Escândalo e falsas retóricas...
Da grande agressão histórica,
Do Brasil fora de sério.
Governo sem ser eleito
É vaqueiro sem gibão,
É deus sem religião,
É cidade sem prefeito,
É rio fora do leito,
É vinho que não tem uva,
É roçado de viúva,
É quartel sem generais,
É sul com chuva demais,
É o nordeste sem chuva.
Como nascem noutras praças
Gritam todo patriota:
Eu não voto, tu não votas.
Somos vitimas de trapaças;
É o grito das três raças
Cobrando a Libertação
Dizendo a Sarney e João
Que chega de ditadura
E que só tem abertura
Onde se existe Eleição.
Quem tem vinte nove anos
Não votou pra presidente
Viu cinco mandar na gente
Sem nunca mudar os planos
Trajado nos mesmos panos
Usando o mesmo boné.
A mesma bota no pé
Deixando o passado escuro
E o caminhão do futuro
Correndo de marcha à ré.
Chegou o momento novo
Para unir as consciências
Juntando todas as tendências
Para cantar o mesmo louvor
Pelo o direito do povo
Com o voto na sacola
Ulisses, Lula e Brizola
E quem tem boa intenção
Cantar a mesma canção
Tocando a mesma viola.
E quem fica fora da festa
Campanha tão democrática
Tão popular, tão simpática
Com cheiro de povo em festa
Está provando que detesta
Pra o povo qualquer vantagem.
Porém esta mulecagem
Há de manchar-lhe a memória
Pois o rio da história
Derruba qualquer paragem.
Nós temos que dizer não
A Eleição Indireta
Segui uma linha reta
Com os pés firmes no chão
Pra um chefe na nação
Que não cometa deslize
E fazer sempre reprise
De Eleição pra presidente
Pra gente ter fé na gente
E meter o pau na crise
Amigos eu não sou poeta
Mas, porém tenho vocação
Desperto para falar
Na péssima situação
Dos golpes da inflação
E de toda a escravidão
Do nosso povo sofrido
Com o espinhaço ferido
Do peso da opressão
Do Brasil e da nação.