Tirei a mordaça
Me sinto envergonhado,
De saber que a honesto hoje
É exceção das exceções
Que apesar das barreiras transfixadas
Relativas à liberdade, direitos, democracia,
A injustiça ainda seja protagonista.
Me sinto envergonhado
De ter consciência de tantos saqueamentos
Um verdadeiro espólio nacional
Conduzido por quem é responsável
Pela soberania, pelo siso, pela austeridade,
Que de tão vaga e distante de nós
Tornou-se estrangeira.
Lucrar ludibriando e exaurindo
Virou marca por aqui
Carrões, jatinhos, flats à beira-mar,
É marca de muitos desses que usam "Black tie"
Enquanto maioria, morre malfadada.
Como não ter vergonha ?
Como não desanimar ? Desabafar ?
Como não esquartejar-se em indignação ?
E não me venham culpar o povo
Baseando-se na ausência crítica de escolha
Pois esse mantém essa terra produtiva
E verde com a ajuda de Deus.
A culpa é sua “Político Ator”
Que deveria figurar em alguma novela da ficção,
E não na nossa, na real.
É triste ter que produzir algo assim
Que vibre com o negativismo
A cerca do que se ama.
Mas não dá pra ser hipócrita
Fingir-se de cego à tal descaso
Amo esta nação e não viveria noutra
E se assumir e escrever sobre isto é ser careta
Prefiro ser um, hígido,
À figurar entre os descolados omissos.