“Se tu vencesses Calabar.
Se em vez de portugueses,
- holandeses !?
Ai de nós!
Ai de nós sem as coisas deliciosas
que em nós moram:
redes,
rezas,
novenas,
procissões, -
e essa tristeza, Calabar,
e essa alegria danada, que se sente,
subindo, balançando, a alma da gente.
Calabar, tu não sentiste
essa alegria gostosa de ser triste!"
(Jorge de Lima)
"...Essa alegria gostosa de ser triste!"
Assim serei eu, portuguesa
Que antiguidade circula
Em minhas arcaicas veias
Feitas de tanta mistura!
De línguas entrelaçadas
De ruelas estreitinhas
De velas azuis e brancas
De receitas tão só minhas
Que fazem de pão com ervas
O aroma das cozinhas,
O deslumbre das papilas!
Tendo nascido num porto
Dos mais ancestrais do mundo,
Afaço-me ao mar... e canto!