Cantiga de revolta
Minha terra tem morros,
Onde cantam os fuzis;
As balas, que lá gorjeiam,
Derrubam corpos por aí.
Nosso céu tem mais helicópteros,
Nossas várzeas têm mais túmulos,
Nossos bosques têm mais lixo,
Nossa vida, nem temos mais.
Em cismar calados à noite,
Fingimos desejos de paz;
Minha terra tem crianças,
Onde educação não há mais.
Minha terra tinha primores,
Que o Estado deixou pra trás;
Em cismar calados à noite;
Velamos direitos iguais;
Minha terra tem crianças,
Enterradas nos funerais.
Não permita Deus que eu morra,
Se, um dia, eu voltar para lá;
Quero fugir da violência
Que não encontro por cá;
Que ilusão essas palmeiras
Onde canta o Sabiá!