Evocar Abril!

Do ventre ao grito
no rufar das ondas em tormento

o pulsar dos tambores ao vento
o renascer em rubro ato
o cravo pela vida abortado!

Oh! Abril, por quem se cala?
Pelos muros que brotam as chagas?
Pelas dores que secam nas areias deserta?
Pelos panfletos corroídos por chamas douradas?

Pelo mudo calendário apagado pelos anos?
 
Não! Não se deixe calar,
é preciso disseminar a flor
correr veias é clamar nas folhas

voltar a vida em estações murchas
que sôfregas sugam a verdade da terra!

Oh! Abril, por quem se cala?
Por pedaços mortos debruçados na liberdade?

Pela uva sedenta que em gotas lamenta?
Pelos pinheiros que ajoelham à modernidade?
Pelos pés que adormecem enterrados ao chão?
 
Não! Não se deixe calar,
leva as pequenas vozes ao Tejo
um povo que sob a oliveira desenha
um novo Abril a florir em amêndoas
dentro de ti ao germinar Portugal!

Flavia Angelini.


 



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Revolução dos Cravos refere-se a história de Portugal resultante de um golpe de Estado militar, ocorrido a 25 de Abril de 1974, que depôs o regime ditatorial do Estado Novo vigente desde 1933 (1926?), e que iniciou um processo que viria a terminar com a implantação de um regime democrático, com a entrada em vigor da nova Constituição a 25 de Abril de 1976.
O cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974. Segundo se conta, foi uma florista que iniciou a distribuição dos cravos vermelhos pelos populares, chegando por meio destes aos soldados, que os colocaram nos canos das espingardas. Devido a esse acontecimento esta revolução também é conhecida como "A Revolução dos Cravos". (Fonte Wikipédia).
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_Novo_(Portugal)