Um beijo do Tejo

Enquanto no azul divago
O céu funde-se com o Tejo
onde os barcos se aconchegam

eu sinto-me como um pássaro
afeito à travessia
nestas rotas que se abraçam

A nossa alma ultrapassa
toda e qualquer distância
sem sequer dar conta dela

enquanto os olhos viajam
neste coração o fado
vai trinando de saudade

acostumado à tristeza
que se enlaça na alegria
com que se faz a amizade

***
O oito

o oito é um número
mistério
número gémeo
dois circulos
unidos
ao
centro

Deitado, é o infinito

No meio dos outros
tem um desenho
perfeito
regular
simétrico

Figuração de mulher.

Apresenta-se de pé
altivo
maiúsculo

O que tem o oito?
quatro pares de dois,
é mágico
Vê-se logo,
basta olhá-lo

Redondo sobre redondo

olhando do alto,
é um oito
aberto,

a barra do Tejo!

***
Lisboa baila com o Tejo

As marchas vão desfilando
Pelo centro da Avenida
Com arcos balões e fitas

E das tasquinhas de rua
Sobe no ar o aroma
De manjerico e sardinhas
***

Manda o Fado mais que eu!

Ah, bendita tentação!
Teus braços me enleando
Deste frio me tirando
Da solidão me olvidando!
Mas repara: nós morando

Nos opostos do Hemisfério
Tu no calor do verão,
Eu no frio do Inverno
No sonho permanecerão
Tuas ofertas de aconchego

E esse bálsamo não tendo
Enregelada me encolho
Tentando esquecer... o tempo
Deixando que o ar do quarto
Aos poucos se torne ameno

E eu, a sós, vá cedendo
À magica morte do sono,
O frio e o amor , deixando
A Morfeu me entregando
Em áureos voos de sonho
***

A maresia do Tejo

... nem sei se é nostalgia
o adejar que me invade!
É do Tejo a maresia
que se evola na tarde!
***

Janela sobre o rio

o Tejo que daqui vejo
hoje está cinzento,
em coro com o céu
mas todas as tágides
te enviam beijos

eu delas
sou
a caravela
que te os leva