Os Sem Terra
Meu canto é triste, já não é um canto,
é um lamento
Dói admirar tanta beleza,
tanta riqueza meu Brasil verde amarelo,
E meu povo que sofre tanto...
A mãe que chora com seu filho
ao colo sem alimento,
debaixo das pontes e viadutos,
sem esperança, sem futuro, sem sonhos!
Meu peito se comprime, rasgando em dor atroz...
Só vejo lágrimas no olhar do meu povo...
No meu irmão que constroi arranha-céus
e depois volta para a praça onde dorme...
Até quando suportarei ver meus irmãos
sem um pedacinho de terra que lhes permitam
sobreviver com honestidade?
Meu povo é pacífico, trabalhador, risonho...
Até quando terei que ver esse povo
mendigando seus direitos?
Ah, meu Brasil verde e amarelo,
não permita que seus filhos morram a míngua!
Eles clamam por um pedacinho de terra
para plantar e ganhar a vida decentemente,
dignamente, com o suor do próprio rosto,
onde possa brotar o verde da esperança!
Onde possa ter um futuro para as nossas crianças!
Não posso calar-me diante de algo tão brutal ,
ver meu povo, minha gente, vivendo tal qual animal!
Já não posso ser mera expectadora do sofrimento
da minha gente, dos meus irmãos!...
Avante! - Pois que essa luta é nossa!
Ninguém pode viver, ser feliz,
vendo seu filho sem pão, sem futuro!
Esse grito é meu, do meu povo,
um gemido de dor universal!...
A esperança não morreu, ainda ganharemos
essa luta desumana, desigual!
Mary Trujillo