UM TRISTE 2 DE JULHO
UM TRISTE 2 DE JULHO
MÁRCIA ETELLI COELHO
No ruidoso estádio sul-africano
um grito, bem alto, o mundo todo ouviu.
No rosto do povo, muita dor e espanto:
o grito de GOL era contra o Brasil.
Mais um favorito deixaria a Copa
por despreparo, arrogância ou azar.
E o meu coração, no amargor da derrota,
segura o choro... Vontade é de xingar!
O sonho desfeito abraça a realidade.
Não dá mais pra encobrir imensas mazelas.
O placar me obriga a encarar a verdade.
Irritada estou com as mil vuvuzelas.
Perdemos o hexa e eu pergunto: E daí?
A vida prossegue... É bola pra frente!
E eu posso ajudar a mim mesma e ao país.
No próximo voto ser mais consciente.
Com a urna e a lei, vou driblar os entraves
e todo infiel jogar para escanteio.
Um craque serei com belíssimos passes
no progresso feliz de um lance certeiro.
Vitórias, eu sei, hei de ter no futuro.
Meu Brasil se destina a ser campeão.
Mas o céu, de repente, ficou tão escuro
que eu irei me animar... Mas, hoje, não!
Hoje eu descobri o avesso do sonho
Ao ver o meu filho em frente à janela
retirar em silêncio, lento e tristonho,
a velha bandeirola verde e amarela.