A MORTE DA ESPERANÇA

Pelas cidades deste país,
Nas grandes capitais...
Quanta gente sem destino,
Sem futuro, sem perspectivas.

E o que você me diz,
Das favelas deste país?
Das palafitas, dos barracos
Dependurados nos precipícios.

Quem pode ser feliz,
Com a vida por um triz?
Salve, salve, Cidade Maravilhosa!
E tantas outras não menos belas.

Cidades relegadas à própria sorte.
Dominadas pela violência,
Pelo medo e pela incompetência.
Onde a vida perde para a morte.

Bala perdida, corpo no chão.
Onde é mais seguro?
No quartel ou na prisão?
Quem vai nos socorrer?

Rio de Janeiro vermelho de sangue,
Diadema, Cracolândia – anátema.
O sangue escorre por ruas e becos
E por mãos de mães indignadas.

Olha lá ! Ninguém está vendo?
Cadê o pai, cadê a mãe?
Desta criança se drogando, se vendendo!
Cadê a lei, cadê, meu Deus, cadê?

Para onde corre?
Aqui vamos morrer.
Pobres vidas com hora marcada.
Abandonar tudo, sem levar nada.


A vida parece um sonho
Preso numa teia de aranha.
Ás vezes enfadonho, outras... medonho.
Feito faca cravada nas entranhas.

E o que você me diz?
É um choro ou uma manha?
Ou um riso disfarçando uma dor tamanha.
É possível ser feliz?

A Juventude ficou pelos caminhos.
A vida se tornou algo mesquinho.
A Esperança derradeira está morrendo,
Morren... morre... mo... m...