RESGATE

Nasci de um rio de sangue

Mas numa gota de esperança

Construí o meu legado.

Sou a mais linda flor - América Latina,

Menina-mulher mirando o passado.

Sou orgulho do presente

E a crença dos meus antepassados;

Dei ao mundo muitos filhos

E estrangeiros os tenho, adotivos.

Mas, encontro-me só, futuro lesado,

Desnudo, cuspido, abandonado,

Humilhado até o limite.

Atam-me os pés para que não ande,

Amordaçam-me para que não grite.

Sou jovem mas cansado, agonizante,

Sob os grilhões da escravidão, andante.

Que terra sou eu, meu Deus?

Tão rica, tão fértil

E fazem-me no tempo retroceder.

Por que meus filhos, por quê?

Por que me entregam às mãos

Da corrupção, estupidez, insanidade?

Seres perversos envoltos em maldade

Têm poderes sobre meu destino.

Eu tenho filhos lindos:

Gente honesta, decente, talentosa,

De quem me orgulho, enfim.

Por que não cuidam de mim?

Meus seios afanados, já secos,

Há séculos explorados

Por bocas vadias, malvadas,

Covardes, insaciáveis, mascaradas,

Matando de fome os meus bebês.

Até quando terei de sofrer?

Escolas pra minhas crianças,

Não matem meus jovens impunemente,

Dê-lhes esperança!

Não obriguem a família

A cobrir seus filhos de vergonha,

Não mereço lares decadentes.

Não abortem embriões gerados,

Não condenem vidas à cegueira, ignorância.

Não financiem juventude drogada,

Entristecida, pobre, alienada,

Velhice antecedendo à infância.

Fechem a porta da comunicação malvada

Que corrompe e anestesia cérebros,

Criando mudos e gerando cegos.

Não humilhem meus professores,

De vidas, condutores.

Sou pátria-mãe, quero o bem a todos;

Não quero poucos abastados

E muitos a mendigar o pão.

Amarelo rosto, negro coração.

A desigualdade é guerra sem vencedores,

Não aceito filhos ímpios outros doutores.

Não quero luto à minha história

Mas o branco-paz para o presente.

Não quero mulher-objeto,

Sem útero, sensibilidade, indigente,

Homens sem alma, indecentes...

Exportação de droga, violência, sexo,

Avesso do direito! Desconexo!

Chega de balas perdidas

Que acham cabeças e tiram vidas.

Sociedade refém do medo, suicida!

Tristeza!... Ser governado,

Planalto-omisso!

Planalto- inércia!

Promíscuo, submisso!

Pavilhão humilhado!

Escarrem o lixo agora! Consciência!

Matem a infâmia, hipocrisia, o mal!

Não transforme meu solo em selva

Onde o bicho se sobrepõe ao racional.

Não me condenem à descrença.

Varram de mim a corrupção vil!

Dêem-me a graça de ser amado

E do mundo ser admirado

Quero o orgulho: ser chamado de BRASIL.

Vivianna di Castro
Enviado por Vivianna di Castro em 02/10/2010
Código do texto: T2533290