Paulistano Nativo!
Quero ser a enxurrada de tuas garoas
E correr pelas frestas dos paralelepípedos
Que ainda resistem à história.
Ser os bondes e as pessoas elegantes
Pixadas num muro da 23.
Quero ser a parede de taipa de teu colégio
E ostentar em minha carne o orgulho de tuas memórias.
Quero ser um pintor bandeirante,
Cuja tela é a vastidão do céu paulistano
E o andaime o Edifício Itália.
Encher tua noite de estrelas, madrugada adentro...
Mergulhar no teu relento...
Saudosa Boemia...
Quero ser o executivo da Paulista
O descolado da Augusta
O boêmio da São João
Ou um personagem qualquer
Largado n’algum cortiço do Beco do Piolin
Quero ser vertiginosamente altivo e grande como o Banespa
Movido a aspirinas e anfetaminas para acompanhá-la.
Ser o verde da Cantareira
E as cores vivas das vitrines da Oscar Freire.
Ser desbravador como os ancestrais bandeirantes
Aguerrido como teus índios nativos
E forte como teus bravos imigrantes
Um Paulistano Nativo!