Paulistano Nativo!

Quero ser a enxurrada de tuas garoas

E correr pelas frestas dos paralelepípedos

Que ainda resistem à história.

Ser os bondes e as pessoas elegantes

Pixadas num muro da 23.

Quero ser a parede de taipa de teu colégio

E ostentar em minha carne o orgulho de tuas memórias.

Quero ser um pintor bandeirante,

Cuja tela é a vastidão do céu paulistano

E o andaime o Edifício Itália.

Encher tua noite de estrelas, madrugada adentro...

Mergulhar no teu relento...

Saudosa Boemia...

Quero ser o executivo da Paulista

O descolado da Augusta

O boêmio da São João

Ou um personagem qualquer

Largado n’algum cortiço do Beco do Piolin

Quero ser vertiginosamente altivo e grande como o Banespa

Movido a aspirinas e anfetaminas para acompanhá-la.

Ser o verde da Cantareira

E as cores vivas das vitrines da Oscar Freire.

Ser desbravador como os ancestrais bandeirantes

Aguerrido como teus índios nativos

E forte como teus bravos imigrantes

Um Paulistano Nativo!

Geremias Costa
Enviado por Geremias Costa em 14/09/2010
Reeditado em 16/09/2010
Código do texto: T2498466
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