03 de Outubro
03 de Outubro
Vamos fazer a fila do cabresto
Cavalos, éguas, jumentos e burros
Na frente o feno duplo
Verdes como campos em primavera
Sabemos que depois da festa
Fecharão as porteiras da comida
E apenas eles terão água fresca
Nas lentes de todo dia
Vamos animais
Velhos e novos
Hoje a idade não será contada
O que importa é a pata lá na máquina
Elegendo
Os novos fazendeiros.
Povo bom de lábia, sempre atentos...
A beijarem do rebanho, seus rebentos
E jurarem um amor, sem os sentir.
Sorriem seus sorrisos mais bonitos
E pintam de palhaço meu sorriso
No circo de mais um amanhecer
Mas é festa puseram na televisão!
Horário de novela
Falando palavrão
Mentiras e mentiras a escorrer
Nem sei se é piada ou palhaçada
Deviam chamar um certo Aragão
Para falar assim propriamente
Das mentiras e verdades na sessão
Assim os animais sorriem mais
E vão no dia certo ao tal cinema
Apreciar o verde da paisagem
Enquanto na barriga um rói rói
Da fome de cultura e dor extrema
Mas isso não se fala é coisa feia!
Bom mesmo é a copa e o carnaval...
Falar de football é que é o tal!
Nas frutas, bundas tantas desta lida.
Há sempre uma passagem pra esta aldeia
E os índios fumam em paz o seu cachimbo
Soltando esta fumaça no destino
Da pátria que só ri dos seus
Desvelos.
Márcia Poesia de Sá