Antologia Brasileira
"BRASIL,
O meu silêncio te perseguirá
Eternamente"
Olho triste o céu
Uma gota interrompe o olhar
Uma lágrima lava-me o rosto
O sol se põe a minha frente
E nas minhas costas
O passado de coisas que não fiz...
Pesa.
Faltam-me dedos ao contar derrotas
O tudo a volta me revolta
Me causa estranheza
Perco-me neste imenso céu cinza
Desejando compaixão
solidariedade
atenção...
Ganho promessas
Um frango
Um kilo de arroz
E um de feijão.
O meu traço não-alfabetizado
Desgarra nas linhas
Do caderno que não tenho.
Meu voto são rédias invisíveis.
Do meu jardim amazônico
Não tenho uma flor
E é pelo rio de águas doce
Que morro nos sertões de sede
de mudança
de justiça
de mim.
Não quero o céu estrelado hoje!
O meu passo de samba
Não bamba;
Não jogo futebol
Mas a bola continua rodando
E rezando
Desejo o céu escondido
Por de trás das nuvens.
Mas 'tô cansado
Do meu cansaço prematuro
Meu dicionário é tosco
E quer um novo mundo:
É hora de despertar
De todo e qualquer sono profundo
É hora do profano
do religioso
do ateu
Lado a lado.
É hora de despertar
De sair do casulo
Da "bolha do não me importa"
È hora de bater na porta
Para o dia seguinte, pro futuro
E se não abrirem
Pular a janela
Usar escadas
pular o muro.
Amor aprenda:
Não importa o quanto eu sofra
Sempre há forças
Para acreditar
No dia seguinte.
"BRASIL,
O meu silêncio te perseguirá
Eternamente".