DESALENTO MOMENTÂNEO, JÁ VOLTO COM A ESPERANÇA

Eu estou de novo

Entupido de palavra

e revolta

Se não escrevo

Vomito verso

Se não ponho pra fora

Grito a esmo

Escrevo por ócio

Por desafeto

Por desacato

Por necessidade

Por trabalho

Por fome e por desfastio

E o que eu grafo

Não se mede em metro

Mas poderia

Muito do que eu digo é esculhambo

cambalacho

Esculacho

Desforro

Desaforo ao erudito

Desafeto

Se apertar eu nego

Não creio nem duvido

Sou um sub ser vivo

Que desafia o concreto

E cutuca com versos

O perigo

Ama o difícil

O desvalido quer válido

Despreza o perpétuo

Donos do poder

Esses que já deveriam ter ido

Mas ficam

Não me culpe

Pela revolta

Pelas letras tortas

Mas já não creio

Em volta por cima

Cipó de aroeira

Nas costas de quem mandou dá

Tudo parece que dá

No mesmo

Ao Deus dará

Isto não é desencanto

É só desalento momentâneo

Já volto com a esperança

Com a espera de séculos...