"CANTIGA VERDE-AMARELA"
“Cantiga Verde- Amarela”
Ítalo Zailu Gatto
O Século Dezesseis soprava os ventos da Europa,
repontando a grande tropa das gigantes caravelas
brancas, verdes e amarelas !...
E os longos dedos dos mastros,
tentando agarrar os astros,
rasgavam sulcos nos mares...
A Terra Virgem pecou,
quando Cabral a abraçou,
no leito azul dos Palmares.
A floresta descerrava a cortina colorida:
riam os rios,os pássaros,os montes...
e a Terra ria à vida!
Nos porões das caravelas
brancas,verdes e amarelas
havia sangue escorrendo...
Eram carnes cor da noite...
O chicote...a dor...o açoite...
Era a África gemendo!
De repente,
mais distante,
a mão ligeira de um bandeirante,
rasga um retalho da selva feiticeira.
Anchieta abre o breviário...
Em lugar do tacape,há um rosário...
A Fé curva seus joelhos na taba brasileira!
E os tempos vão pintando a grande tela,
com as cores branca,azul,verde e amarela!...
Ceará,Ceará,dos “verdes mares bravios”!...
Das jangadas,dos coqueiros e dos tristes desafios!...
Mais abaixo,
na Bahia,
tem samba, vatapá, quindim...
Tem “preta veia” rezando
para o “Sinhô do Bom-Fim”!...
Na jaula da floresta verdejante,
O Amazonas solta o jaguar...
Iara vai penteando os cabelos das águas
no espelho do luar...
E os tempos vão pintando a grande tela,
com as cores branca, azul, verde e amarela!
De repente,
lá no fim da paisagem brasileira,
o Rio Grande do Sul abre a porteira:
tropel de cavalos
correndo, correndo...
Batidas de cascos...
Estalos de laços...
E as almas penadas
gemendo e gemendo!...
O Século Dezesseis soprava os ventos da Europa,
repontando a grande tropa
das gigantes caravelas
brancas,verdes e amarelas!..
No altar da “ Primeira Missa”,
sob um lindo céu de abril,
Cabral casou- se co’a Terra...
E, no berço dos Palmares,
nasceu um filho; o BRASIL!...
“O ACENDEDOR DE ESTRELAS” EDITORA BELS LTDA PORTO ALEGRE RS.