Nordeste... Do cabra da peste.

Sinto lembranças do calor do meu Nordeste

Dos galhos secos das caatingas sem cor, silvestre.

Das serenatas da flor singela do meu agreste

Do assum preto, mandacaru e cabra da peste.

Um triste hino cantam as mulheres

Em romaria pedindo chuvas, nada interfere

Enfrentam a vida até na morte são uns Alferes

Seu tudo é nada fome e poeira, seu mundo fere.

Gente valente sempre contente

Nas tempestades clamam bondades

Com seus rosários e seus hinários

Rogam a Deus por filhos seus.

Alegre é o canto do homem do campo

Chapéu de palha vai com sua tralha

Pro seu roçado já veio à seca, tudo acabado.

Em Deus espera logo vem chuva sua dor supera.

Clima contrário rompeu barragens vem seu calvário

Perdem lavouras, casas e família quanta ironia...

De olhos marejados mãos calejadas sofrem calados

E numa prece olham pros Céus, não esmorecem.

Brilho nos olhos olha seus filhos são seus abrolhos

Com dois gravetos formam fogueiras vão do se jeito.

País tão belo olhe o Nordeste, povo singelo!

Gente sofrida sorri da lida, cabeça erguida.

Sou esse povo que recomeça tudo de novo

Mesmo sabendo de altos e baixos vão se erguendo

Meu coração guarda esse cheiro dos meus irmãos

Daqui de longe corre uma lágrima já me consome.

Goretti Albuquerque.