Sou planta da Caatinga

Sou planta da frágil caatinga
Mas ainda antes de florescer
O vento me arrancou de lá
E trouxe-me pra junto do mar
Aqui fui replantada pela vida
Perto de dunas e nascentes
E o sol vem com a brisa visitar-me

O lugar é infinitamente lindo...
O mar tem cores diversas
A mata é verdejante
Nesse lugar não há a seca
Mas a terra...
Mesmo com tanta água
Não é fértil como a minha

Arrancada do meu lugar
Senti falta de minhas raízes
E demorei a florescer
Meu coração inquieto e triste
Desejava pra lá voltar
Queria que meus primeiros botões
Desabrochassem esplendorosos
Anunciando a  chegada das chuvas
Que desperta a caatinga
Mas não aconteceu assim...

Os anos foram passando
E eu  nunca mais pude voltar
Para o lugar de onde fui retirada
Aqui  nessa linda terra 
Fiquei murcha...
Mas lentamente
Fui me acostumando
Com a minha nova vida
E só depois de muito tempo
Um dia senti que já ia florescer
Mesmo estando fora do meu habitat
Nesse instante! Tive medo...
Tentei fazer dormir meus botões
Mas sua força era tão grande
Que num lindo amanhecer...
Minhas flores desabrocharam
De forma natural...
Trazendo as cores
E cheiros da caatinga
Pra encantar a vida deste lugar
E eu em meio a tanta magia
Apenas me senti orgulhosa...
E feliz!
***
Fátima Alves - Poetisa da Caatinga
Natal, 31.05.09
Texto publicado no meu livro "Retratos Sentimentais da Vida na Caatinga"
Edição do autor - 2010
Foto de minha autoria





 
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 31/05/2009
Reeditado em 22/02/2017
Código do texto: T1625556
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