A CADEIRA DO DRAGÃO
Aonde foram parar as minhas unhas,
Minhas roupas e minha honra?!
Não sei que horas são, que dia é hoje;
Amarrado à essa cadeira de alumínio,
Esse tempo de chumbo, não passa!
Aonde foram parar as minhas unhas,
Meus sonhos e minha mulher que ainda
À pouco estava aqui sendo enrabada
Na minha frente?!
Não sei o que eles querem
Ou me perguntam.
E até o meu nome verdadeiro ou falso,
Eu já esqueci.
Fui preso(sequestrado) em plena luz
Do dia
E encerrrado na escuridão desse porão
Mal-assombrado por gemidos moribundos.
Fui açoitado com fios desemcapados e ligados
À sanha de meus inquisidores.
E aonde foram parar as minhas unhas,
Minh'alma e a saída desse inferno?
Meus gritos ináudiveis de preso político,
Abafam as rajadas e os gritos de vitória
Da guerrilha urbana sobre a superfície.
E assim como minhas unhas
E tudo o que me foi arrancado
Pela segurança nacional,
Eu também desapareço nas páginas
Da história e da anistia, mas não entregando
Nenhum companheiro.
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