Acalanto

Quando tudo fizer sentido,
as veredas e suas fontes cristalinas
entoarão mantras ao amor que sentimos 
por nosso abrigo.
Os horizontes, em litanias, abençoarão nossos altares.

Quando tudo fizer sentido,
A água viva que nos vivifica será consagrada.
As flores, com seus líricos suspiros, continuarão viçosas
Quando a lua e as luzes deitares sombras leves pela rua ,
Enquanto a noite friazinha for se acabando.

Quando tudo fizer sentido, 
Compreenderemos a vegetalidade dos lírios da campina 
E a mineralidade humilde na areia
Que range sob nossos passos rumo à cruz,
Para conversar, na linguagem das brisas, com Jesus.
Comove-nos a suave certeza com que Ele guardou para nós 
Um acalanto precioso como um átomo reintegrado.

Quando tudo fizer sentido,
Vislumbraremos, ainda na estrada da mente, 
A paisagem edênica deste recanto tropical,
Aconchegando-nos entre os afagos
Da Mãe Gentil.
Então, choraremos, corajosamente,
Nossa lágrima pela paz 
Reconhecendo a majestade
Deste povo que inventou, inclusive, a saudade.
Quando chegarmos ao fim deste sonho inquieto,
Que é a vida,
Ainda nos será concedida uma vaidade:
Sabermo-nos, para sempre, acolhidos pelo Brasil!
 
                                         
Flávia Melo
Enviado por Flávia Melo em 01/03/2009
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