O MAR


INTRODUÇÃO


Ó mar salgado
Quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal
 De: Pessoa


A branca areia as lágrimas banhavam
Que em multidão com elas se igualavam

De. Camões

**
O poema

Desfraldarei com justiça
Que ao meu legado histórico devo
E na minha génese fervilha
Rotas traçadas nas praias lusitanas
Da imensa vocação oceânica
Alucinados prescutando horizontes
Homens se espalhavam por rochedos e montes
O sangue corredio nas veias
alucinava-lhes as entranhas
Buscando causas para as suas impaciências
O arado já não os preenchia
E a terra parecia-lhes vazia
Às mulheres e filhos guardava-os no coração.
Mas a alma, essa desejava outro aprazimento.
Trilhos devaneados por mundos estranhos
De antanho historiados de lendas.
por tantos povos que faziam dali suas sendas 
E demandando-se à aventura
em naus sulcando mares adentro
Sonhadores de fortunas
Destemidos e vibrantes
Homens rudes e valentes
Que o medo os tornava possantes
e a fé em Deus os guiava
Uma ave Maria se rezava
a saudade nascia nos seus corações
entre o cordame que se esticava
e o chão das naus se esfregava
E na subida à gávea se benziam
para novos mundos alcançarem
“Acima, acima, gajeiro, acima ao topo real”
ouviam muitas vezes tremendo
com as vagas alterosas batendo
nas pernas geladas, pavoroso degredo,
Ecoando na voz forte dos capitães.
E o homem do leme esperando
a ordem do rumo a tomar.
Até que o dia em que a agonia
se fazia exultação gritava,
desatando os nós que à gávea
o prendia sangrando.
“Terra à vista meu capitão”.
E o mar ondeando e cativante
abrandava a sua bravura tornado ´
bonançoso e de azul brilhante.
Mar do encantamento
Mar do tormento
Mar vencido pelo medo e tesura
de quem o enfrentava
Tornado de repente aprazível
Porque esse amor enganoso o traía
E desafiado pelas ousadias
as suas presas engolia.
Senhor das vastidões sem fim
Guardião de segredos
que escondia nas suas entranhas
“E o monstro que está no fim do mar”
a isso o exigia.
Mas a alma lusa era intrépida
E mostrava o seu peito aberto ao vigilante
que amedrontava arrogante
E assim se fez grande e gloriosa a terra portuguesa.

De  T,ta

08-01-09
Tetita ou Té
Enviado por Tetita ou Té em 08/01/2009
Reeditado em 18/01/2009
Código do texto: T1374160
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.