Lula, o brasílida

Lula, o brasílida

Osman Matos*

I

Eu canto no meu canto um brasileiro

Que foi franzino e pobre na infância.

Depois virou mecânico torneiro

E um líder sindical de importância.

A voz rouca convocava os “companheiros”

A lutar sem perder as esperanças.

Passou fome, mas não bebeu no Letes*²

No entanto combatê-la compromete-se.

II

“O Sertanejo é antes de tudo um forte.”

Como o nosso Euclides disse;

Quem acreditaria no absurdo

De um retirante que na meninice

Com fome, pobre e quase sem estudo,

O seu país um dia presidisse?

Nenhum profeta se arriscaria

Prever o que seria uma utopia

III

Brasil, de cara nova e cheio de glórias,

“Nesse instante” em que Lula foi eleito.

O povo no poder, grande vitória,

Em que a esperança venceu o preconceito.

Talvez nunca outra vez em nossa história,

Possa haver um momento desse Jeito:

Um Brasil realmente democrático

Porque não foi eleito um aristocrático

IV

As páginas da história registraram

A coragem de um líder sindical

Pioneiro, enquanto muitos se calaram,

Numa época mauditatorial

Foi preso, humilhado e o torturaram,

Mas não abandonou seu ideal:

Organizava as greves no ABC

Pra um país mais justo ver nascer.

V

Após consecutivas três derrotas,

A quarta tentativa triunfal.

O povo abriu as suas próprias portas

Por um Brasil melhor, mais social.

E a eleição de Lula ainda comporta

Dizer que a esperança é mundial.

Enquanto Bush invade o Iraque

O Lula contra a fome faz um ataque

VI

Falar pelo oprimido é algo imenso

Um dever positivo e o reflexo

“Espelha essa grandeza” em “Um sonho intenso”

Transcende a Terra, o Mar e o Universo.

Já chega de inércia e de silêncio

É hora de enfrentar o mais complexo

Problema brasileiro a fome crônica

“A nau tem comandante” leme e âncora

VII

Logo o primeiro ato, o Fome-Zero.

Criticado por muitos que de um muro

Ficam em cima e sem nenhum critério

Empurraram sempre a fome pra o futuro

Diante de um problema que é tão sério

E a urgência de acabar um mal tão duro,

Pela primeira vez um presidente

Preocupa-se com a fome de sua gente.

VIII

O verde da bandeira e uma mesa

A toalha, um losângulo amarelo

Um prato azul imponente é a pobreza

O Branco, garfo e faca, são o flagelo

Da fome destacada com grandeza

Pra unir em um só Brasil esparsos elos;

E pra ajudar a um Brasil que tem fome

Há um outro Brasil que canta e come.

IX

O povo brasileiro igual a Lula

E está inflado de nova energia

Com sede social se articula

Por renda, emprego e por cidadania.

Mas não foi nada fácil vê-lo lá

Um operário no poder não é todo dia

Resgatou da nação a auto-estima

E o Brasil vive hoje um melhor clima

X

“Um Brasil diferente” – slogans Lula –

“Por um Brasil descente um presidente”

“Sem medo e ser feliz” – “de novo Lula”

Caravelas que ancoram novamente.

Canto novo, rebento, uma faúla;

Florão do ameríndio continente.

O povo comemora e está feliz de

Contar com o carisma de um líder

XI

Lula, um orador nato e espontâneo

E tem o português que o povo fala

O seu melhor discurso é o instantâneo

E o improviso não o atrapalha

O seu brasilidêz é claro e ufano

Agora é um Brasil que não se cala

Falar francês lá fora, grego ou inglês?

Os “gringos” que aprendam o português!

XII

Dizem que a Quimera era invencível

Cabeça de leão, corpo de cabra,

Um rabo de serpente, um monstro horrível.

Meteu-se em enfrentar uma gente sábia

Que com a força de um voto em alto nível

Liquidou o preconceito e o medo acaba;

E a quimera das chamas devorantes,

Derrotada, não apavora como antes.

XIII

Um líder de luz própria e não forjado

Pela mídia que tanto fez talentos

Humildade e justiça é seu legado

Igualdade social o seu intento;

As lutas e as vitórias no passado

Dão a Lula um real credenciamento

Ser o Arauto presente de seu povo

Que apostou nas mudanças e no novo

XIV

A estrela sobe e brilha lá em Brasília

E o seu brilho clareia o mundo inteiro

Esperança de ser a “Terceira Via”

Um sistema em que o Estado é mais parceiro.

Capitalismo sem selvageria,

Um caminho mais humano e verdadeiro.

O neoliberalismo combatido

E na história do país novo período

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Osman Matos é poeta, contista, romacista, professor graduado em Letras pela UFPB, especializado em Língua Portuguesa pela FUNESO/OLINDA-PE

Osman Matos
Enviado por Osman Matos em 12/07/2008
Reeditado em 19/07/2020
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