Refazendo as chaves
Sentada na poltrona
de frente com o meu ouvinte
Luz amarela suave
cheiro de calmaria
escuto os ruídos das minhas chaves
a sessão se inicia
As portas se abrem
e em cada respiração
revejo meus cacos
estilhaçados no chão
Minhas emoções se desdobram
como páginas de um livro guardado
que por um momento
agora se tornam livres
Em silêncio
no calor da conversa
nó na garganta, seca
glândulas lagrimais
com seu trabalho fiel
fazem o seu papel
que acaba soltando a tristeza
em gotas
que eu levava como uma certa frieza
Me retomo novamente de cada porta
e cada palavra crio coragem
novamente de me permitir
estabelecer e reerguer barreiras
pra voltar a me pertencer por inteira