A cidade

Na cidade por onde caminho

Não há certezas

Não há dúvidas

A cidade que caminho

É feita de perplexidades .

Na cidade por onde caminho

A fé há muito foi roubada

As pessoas estão cegas,surdas ,indiferentes

Não escutam o canto dos pássaros

Não sentem o barro a seus pés.

Na cidade por onde caminho

Os caminhos levam a lugar nenhum

Não há dias,não há noites

Há o tempo,uma quimera

Milhares de monstros desfilam nas passarelas.

Na cidade por onde caminho

Há o vinho o pão consagrado

Há a fome a sede a virtude e o pecado

Há a celebração da estupidez humana

Há o que restou,a falta do Amor.

Na cidade por onde caminho

Há uma inútil flor

Ela não furou o tédio o nojo a mentira

Os corações estão gélidos e maltrapilhos

O menino de Itabira se lamenta .

Na cidade por onde caminho

A infância foi roubada

As crianças pararam de sorrir

Elas não andam mais de mãos dadas

Estão taciturnas e carrancudas.

Na cidade por onde caminho

Não há mais luar

Não há mais serestas

Não mais princesas nem sapos

Todos os Vinícius e Klints foram confiscados.

Na cidade por onde caminho

Não há mais milagres

Não há mais vida nem morte

Não há mais flores nem finitudes

Não há mais poesias nem poetas.

Na cidade por onde caminho

Nas avenidas onde ando,furtivo

Nos becos onde me encurralo

Na cidade por onde caminho

Componho odes e vivo minhas Odisséias diárias.

Professor Maluco Beleza
Enviado por Professor Maluco Beleza em 15/09/2024
Código do texto: T8151914
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