FERIDA

 

deitei-me

encolhi-me com ar de sumiço

escondendo ali

tudo de tão íntimo,

não queria ter espaço

para ver e nem sentir;

espremendo qualquer fresta

para nada mais caber

nem mesmo a dor

 

sem querer chamar atenção

sem precisar de alguma testemunha

até fechei os olhos

para fingir que não via

naquela hora só queria aprender

como despir a própria pele

para não vestir o que ela sentia

 

revestia ferida aberta

como se não pulsasse

para ver se esquecia de doer;

se o cuidado é cura

a falta dele inflama

necrosa, escorre

pouco a pouco mata

pouco a pouco morre

Júlia de Rossi – 18 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 08/06/2024
Código do texto: T8081578
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