CONTRADIÇÃO
Eu me amo, é verdade,
mas amor e ódio se irmanam.
Vez em quando me engano;
vejo, no espelho, outro ser humano.
Vez que outra me atrapalho;
escondo de mim as cartas do baralho
- Sabotagem do(s) Car(v)alho...
Quando sinto o cheiro
de covardia, morro um dia inteiro,
mas, quando a coragem exala,
a mesma força teme o músculo que abala.
Derramo lava, que desce pelo cabelo,
depara-se com um coração gelado,
estado físico modificado;
sublimação com defeito;
vaporização com atraso;
solidificação de sentimentos alheios.
Mudanças de estado
num mundo cão, luta e desistência,
sempre em combinação.
Intensidade, esse é meu nome!
Ora céu, ora inferno,
um mundo interno em contradição.
Desaba o chão; dos pés some,
caio em voo contínuo;
tento viver a ilusão.
Sei, dali não passa!
Sei, cortei as próprias asas!
Sei que novo caos aguarda,
espero a morte para libertação.
A vida, disseram-me, deveria ser livre.
Sentir, falaram-me,
poderia ser domado.
Quisera eu ser um unicórnio alado,
escolher a sensação,
a direção do voo, o futuro desejado.
Suave seria ter livre arbítrio
para decidir os baques da emoção,
pois, quando amo, sou floresta,
mas, quando odeio, uma prisão!