Na rua
Ela não prestava atenção em minhas palavras. Olhando para aquela criatura absorta nos seus afazeres cotidianos, não passava por minha cabeça nada que ela pudesse estar pensando naquele duvidoso momento. Sabia muito pouco a seu respeito, quase que só o necessário para uma aproximação cordial. Cheguei a pensar em fazer um gracejo, mas por oportuno, me contive de tal procedimento por achar que seria inconveniente, pelo menos naquele instante. Não sei exatamente o que estaria falando, mas com certeza não seria nenhum neologismo. Pelo contrário, deveria ser uma besteira só para chamar atenção daquela beldade tão exuberante que ali estava - talvez esperando alguém especial. Penso assim, pelo modo elegante de suas vestes que encantavam meus invejosos olhos que não desgrudavam dela. O provável é que não tenha dado conta de minha presença. Se bem que minha vontade era outra. Sempre me vi como um bom partido, um sujeito de boas maneiras e costumes. Quando de fato ela saiu, deixando aquele pedestal vago, fiquei pensando comigo mesmo: alguém teria falado mal de mim, mal de verdade. __ Não tenho outra explicação.