Olhos fincados
Ficamos ali, com os olhos fincados, um no outro. Nenhuma palavra foi dita e nem era preciso. O silêncio, de parte a parte, falava por nós. A mudez exagerada dos gestos também falava por si e nem era lícito o uso da palavra naquele momento único e delicado. Nossos olhares conversavam alegremente, ora sorrindo, ora calados. Os braços entrelaçados e apertados, atestavam o nó cego, que se fazia necessário, uma jura de amor eterno! Ela não disse nada, apenas ria dos meus planos à medida que gesticulava animadamente como um menino que deixou para trás as calças-curtas de outrora. Ficávamos mudos enquanto nos aproximámos mais e mais: nem as mãos, nem os olhos, nada, nada mais falava por nós. Em meu colo, mesmo que por uns instantes, sentia e percebia que ela é um ser de outro, planeta. Inadvertidamente ainda não disse isto a ela. Não me pergunte o por quê?