Eu e a poesia
Somos da mesma matéria, pedra-bruta, barrenta, pegajosa - um visgo. Ela me prendeu como se eu fosse um tal de Mario Quintana; dizer por aí que é um sujeito grã-fino. Até acredito que seja! Mas, porém, todavia, a única coisa que jamais teremos em comum é a Flor, pois que sou passarinho. A poesia está entranhada em meus poros e não tenho como me livrar dela, ainda que o queira ferozmente. Na minha casa, em especial, ela fala com Pessoas, é perene. Vive de momentos miúdos e não de certezas eternas. É o único remédio que tomo para a loucura, já até tentei outros, mas nada deu certo… Continuo na estaca zero! Quando os versos tocam minhas feridas sinto medo, ainda que estejam cicatrizadas. Conheço todos os versos de Maiakóvski, mas não sou tão lúcido como ele, até gostaria. Porém, quando lembro que ele escrevia a mesma estrofe, até sessenta vezes procurando a rima ideal, fico confuso. Fico sem saber se vou correndo para a chuva ou se me recolho. Pois bem, você que é meu amigo me diga: __ já se sentiu outra pessoa?! Creio que não. Mas eu que não sou “alegre nem triste” penso que sou outra pessoa em mim mesmo depois que canto e rio.