Bons tempos
Certa vez, num silêncio comprido, quase mouco, percebi que as mulheres se vestem de poesia. Isto descobri quando ainda era garoto. Morava em uma cidade não muito grande. As diversões que tínhamos era jogar futebol e nadar. Mas isto já estava me fartando, queria coisas que me dessem outra perspectiva de lazer. Até que um dia calhou a inauguração de uma casa de prostituição perto de onde eu morava. Fiquei radiante, uma festa!
Vou lhes contar em detalhes como era a disputa por um lugar de destaque no muro da perdição.
O lar, doce lar, ficava afastado, um lugar meio suspeito, proibido para menores. Como não podíamos entrar, a polícia estava sempre por ali. Nós, eu e os amigos diletos, escalávamos um dos portões da casa. Era um portão enorme de metal. Estava em péssimas condições, cheio de buracos. Eram esses preciosos buracos que nos permitiam ver as Mariposas em seus trajes de nudez. Os melhores lugares eram disputados no muque, aos mais fortes, os melhores pontos de visão. Só que um belo dia, tinha mais alpinista que mulher para se ver. Calhou que o dito portão veio a baixo, não suportou o peso da curiosidade juvenil. Delirei… vi com os meus olhos, até então virgens, mulheres peladas para todo gosto. Foi assim que me encantei pela poesia.