Malcriado
Voava rente ao chão, quase lambendo a poeira de tão baixo que estava. Cheguei a respirar, por duas vezes consecutivas, aquele pó vermelho, que subia e descia conforme a braveza do vento. Vaga-lumes e pirilampos demarcavam a pista. Ora acendiam, ora apagavam. Nas curvas até diminuía o ritmo, folgava o pé. No fundo do túnel tinha um arco-íris de borboletas de todas as cores e tamanho. Na verdade, um portal estonteante. Uma recepção nunca imaginada por mim. Cheguei a pensar, por alguns instantes, que estava delirando. Naquele momento me lembrei do cordel que fala da Chegada de Lampião no Céu: “malcriado/nem o diabo lhe aceitou/saia já seu excomungado”. Felizmente o sonho durou apenas um minuto. Acho!