Porteira
Nem olhou para trás, foi-se como veio, nua em pelo. Eu é que sou meio indigesto, não sirvo para nada de nada e ainda assim, penso como se ela fosse o meu caviar, a minha morada de taipa, a luz de lamparina que mais atrapalha do que ilumina. Mas se por um acaso tivesse olhado, pelo menos no viés, talvez não tivesse me visto. Acredito que a minha pessoa já teria desaparecido por completo. Infelizmente por onde passei: parede, portal, porta, porteira, lá deixei os meus pedaços. Afinal, bastava arrancar de mim, os sentimentos mais incômodos.