Não vou me matar
Vez por outra, penso que a chama da poesia vai se apagar em mim. Já está bem fraquinha, basta um leve sopro para tombar e caia, de uma vez por todas, no fundo, de um precipício. Por que estou debulhando essa ideia logo hoje pela manhã? O sol está trincando no telhado da minha casa, está lindo! Mas: “não é sequer a razão do meu viver”. Pois bem, acordei com esse fuzuê maluqueando a minha cabeça, que susto! Mas perceba… Florbela, às vezes, Espanca em mim, um pensamento peçonhento quando me diz, com as garras fincadas em meu juízo: “meus olhos andam cegos de te ler”. Nem sei o que responder. Já até pensei em me matar, esfaquear os meus versos, as minhas prosas, os meus sentimentos bucólicos e também os meus queridos leitores. Não tem jeito! Ela, de novo, me provoca, e desta vez com força bruta: “minha alma, de sonhar-te, anda perdida”. Concordo plenamente… eu também ando perdido. Mas se você me encontrar por aí, num canto qualquer de uma rua sem esquina, não se preocupe, NÃO vou me matar. Uma amiga, de tempos passados, me disse que já passei da idade.