O ESPELHO E O TEMPO
Ser surpreendida pelos cabelos brancos
E ver que o tempo não me foi tão rude
Limpar gavetas, libertar fantasmas
E aceitar sem medo que o tempo é curto
Evitei números, rótulos, etiquetas
Deixei para trás rostos e fotografias
Mas o implacável tempo não perdoa
E pinta de branco o velho quadro negro
Quero olhar nos olhos desse desconhecido
Que acorda comigo todas as manhãs
E ver que ainda temos tanto a ver
Se ainda não morremos...acorda, vamos viver!
Não importa muito o quanto o tempo passe
Mas que ainda temos muito o que passar
Se andamos sem pressa, calma e lentamente
Não há mal algum... o que importa é andar!
E esse espelho cruel nosso de cada dia
Embora não minta,
Não sabe a metade...
Não vê a metade...
Não sente a metade...
É apenas (metade do que sou) imagem!