VOLTANDO DO EXÍLIO
Florbela me inspira em versejar sobre temas inesperados. O tema de agora é EXÍLIO
DE VOLTA DO EXÍLIO
Carlos Lira.
Pobre menina sem viço, do mal vivendo a serviço,
És insensata por natureza, Nem caniço és, nem nada,
Porque o barlavento nem te alcança, ....,
Nem com mão espalmada ele te afiança, Quanto a mim, sei de tudo que me precede,
Sei que me criei em um lugar e por acaso,
Descaso da ocasião, não é o mesmo que me criaram.
Sei de minha origem, insaciável como o fogo que arde,
Que me consome, que me aquece.,
Que arrefece quando me inflamo sozinho,
Em noites tardias de frio inverno,
E você menina triste, mais triste que o cipreste do terreiro,.
Sob a luz do candeeiro, se debulha em triste pensar?.
Você ama e se separa sem nem mesmo o amor entender, Como se fosse morrer sem morrer de verdade, Com os olhos secos, secados por louçanias vãs, , exilada de qualquer tipo de culpa, nem sentimento e nem empatia,
Por picardia, pobre de ti que sofres as agruras, de um amor insensato sem um hábil proceder... .
O meu apelo escuta menina teimosa,
Radiosa mas insensata:
Tenho a cada dia diante dos olhos a morte,
Tudo o que passa, que perece, tão assustador parece,
Mas, minha doce menina que sofre por nada,
Essa junção de dor e desprezo terminada, encontrarás o pleno saber em ser e bem viver, Suportarás tudo: a guerra, o sofrimento, o desamor, A passagem do verão, da primavera, doce quimera, e o terrível tempo que nos instalamos...
Finalmente entenderás que insônia é tatear travesseiro, Em canto vazio;
Que é Insensatez clamar por um amor sem vez, Que devaneio é segurar uma mão sem faceio,
Que desatino é rir da saudade, mudar o destino; Que insanidade é por maldade em algo inexistente, Persistente, até morrer de um amor fugaz...