OLHO-TE
(Sócrates Di Lima)
Olho-te nas entrelinhas,
Não sinto com firmeza
teu sentimento nas tuas linhas,
vejo nelas um tom de incerteza.
Olho-te com os olhos do pensamento,
e nestas pálpebras um que de desalento,
há uma triste pausa neste sentimento,
que mais parece um semblante desatento.
Talvez uma triste dificuldade
que envolve a régua da distância,
Já não sinto a mesma saudade,
Nem aquele tom de tolerância.
Olho-te e vejo devaneios...
meu coração toca minh´alma com serenidade,
meu corpo aquietado sem anseios
já sentiu a distância que este olhar invade.
Não sei ao certo se é desencantos,
Ou talvez o medo das dores do momento que é pior,
Pois, há lá fora um mal que derrama prantos,
E por isso faz a distância ser ainda maior.
Então vou deixar meu coração de sobreaviso,
vou deixar esse olhar entre a janela e o horizonte,
quem sabe ao se perder a vista não se perca isso,
E o jeito de olhar-te seja sem fonte!