TERNURA VINCADA NO MEU ROSTO
Prenúncio de alva beleza, talvez de adoração
E prece, olhei devagar para o espelho
Ele falou comigo em silêncio, mostrou-me
O tempo vivido, vivido no meu rosto
Mostrou-me como eu mudei
Novos traços, novos vincos
Rugas que agora estão mais fortes
Por um instante não me reconheci
É o meu próprio reflexo que ali mostrava
Que na penumbra vivem nos reflexos da esperança
Na pausa da incerteza notei o meu olhar
Um pouco cansado da fúria do tempo
Do meu interior, quero um vestido de flores
Suave na reticência deste cansaço que ainda existe
No brilho de tantas coisas para ver
O meu olhar ainda está vivo e não importa as lágrimas
Ou sorrisos que eu dou de mim, do outro lado do espelho
Existe tanto quando eu me imagino, um mito de existência
E de desencanto, silencioso o meu destino
Foi o tempo do meu pensamento
Tempo que nunca será feroz e duro
Para eu deixar de ter esta importância comigo
Tempestade, vento indaguei a idade como solução
Veio o tempo dos meus olhos, da minha pele
Onde cada traço que tenho são apenas
A prova do que já vivi cheia de amor, de dor e esperança
Será que só eu vejo as mudanças do tempo no espelho, ou não
Mas o tempo apoderou-se das formas do meu escultural corpo
E o meu rosto perdeu a formosura de outros tempos
Vive agora repleto de algumas rugas mas continua bela
Pois ser mulher é ter alma, é ter coração, é sonhar, é amar
É ter fé, é ter esperança, é perdão, é dar sem nada pedir
Viver sem medo de arriscar com os sentimentos a flor da pele
É ser feliz com o pouco que a vida dá é voltar sorrir...a ser criança