TERNURA VINCADA NO MEU ROSTO

Prenúncio de alva beleza, talvez de adoração

E prece, olhei devagar para o espelho

Ele falou comigo em silêncio, mostrou-me

O tempo vivido, vivido no meu rosto

Mostrou-me como eu mudei

Novos traços, novos vincos

Rugas que agora estão mais fortes

Por um instante não me reconheci

É o meu próprio reflexo que ali mostrava

Que na penumbra vivem nos reflexos da esperança

Na pausa da incerteza notei o meu olhar

Um pouco cansado da fúria do tempo

Do meu interior, quero um vestido de flores

Suave na reticência deste cansaço que ainda existe

No brilho de tantas coisas para ver

O meu olhar ainda está vivo e não importa as lágrimas

Ou sorrisos que eu dou de mim, do outro lado do espelho

Existe tanto quando eu me imagino, um mito de existência

E de desencanto, silencioso o meu destino

Foi o tempo do meu pensamento

Tempo que nunca será feroz e duro

Para eu deixar de ter esta importância comigo

Tempestade, vento indaguei a idade como solução

Veio o tempo dos meus olhos, da minha pele

Onde cada traço que tenho são apenas

A prova do que já vivi cheia de amor, de dor e esperança

Será que só eu vejo as mudanças do tempo no espelho, ou não

Mas o tempo apoderou-se das formas do meu escultural corpo

E o meu rosto perdeu a formosura de outros tempos

Vive agora repleto de algumas rugas mas continua bela

Pois ser mulher é ter alma, é ter coração, é sonhar, é amar

É ter fé, é ter esperança, é perdão, é dar sem nada pedir

Viver sem medo de arriscar com os sentimentos a flor da pele

É ser feliz com o pouco que a vida dá é voltar sorrir...a ser criança

Isabel Morais Ribeiro Fonseca
Enviado por Isabel Morais Ribeiro Fonseca em 14/02/2021
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