Rebeldia

Não carrego a culpa de não ter sido

Um rotundo não

Na hora do desejo pelo sim

Mesmo que a aclamação fosse desejo

Que o aplauso estivesse pronto

Dei todos os meus ouvidos ao apupo

Num fecundo não

Não carrego a culpa de não ter sido

Apenas mais um ser bípede obediente

Que disputa a rara sombra do campo

E se faz uso faz registro do ponto

Tenho sim, um compartimento de carga

Igual ao teu e igual ao dele

Carrego também algumas culpas

Porque sempre as há na bagagem

Mas nem todas decorrem do não

Muitas das culpas são filhas do sim

Se amontoam nos carregamentos

Tem gente grande que reprime o não

Repreendem aos infiéis do amém

Crianças grandes, gente mal crescida

Só que eu , simples assim, e definitivo

Não carrego a culpa de ser rebelde