Baixou os olhos
Havia ali vida
Uma vida
A vida que ficou
Depois de vivida
No nome
No sobrenome
No documento de identidade
Havia a fragilidade do corpo
Quase tudo meio morto
É misterioso o depois do viver
Aceitar então...
A sombra do desejo de entendimento
Como um tic-tac de relógio
Que no acabar da bateria para de reproduzir o tempo
O chamado que todos um dia vão viver
Depois do vivido
Se juntar aos outros já idos
Chegar perto do outro lado
Exageradamente duro
Não conviver mais...
Uma vida indo
Outra vida ficando
Ou outras vidas ficando
Sem a vida que foi
Simples e descomplicado cíclico
Terminar um tempo
Para que outro comece
Deixam coisas
Deixam tudo para trás
Vai o corpo com os cabelos
Que também ficarão no chão
Desde o principio do tempo
É um vai e vem sem fim
Nessa hora não importa o que construiu
O que deixou
O que ficou ...
Baixou os olhos
O tempo de vivido acabou
A vida se transformou
Em silêncio.