Baixou os olhos

Havia ali vida

Uma vida

A vida que ficou

Depois de vivida

No nome

No sobrenome

No documento de identidade

Havia a fragilidade do corpo

Quase tudo meio morto

É misterioso o depois do viver

Aceitar então...

A sombra do desejo de entendimento

Como um tic-tac de relógio

Que no acabar da bateria para de reproduzir o tempo

O chamado que todos um dia vão viver

Depois do vivido

Se juntar aos outros já idos

Chegar perto do outro lado

Exageradamente duro

Não conviver mais...

Uma vida indo

Outra vida ficando

Ou outras vidas ficando

Sem a vida que foi

Simples e descomplicado cíclico

Terminar um tempo

Para que outro comece

Deixam coisas

Deixam tudo para trás

Vai o corpo com os cabelos

Que também ficarão no chão

Desde o principio do tempo

É um vai e vem sem fim

Nessa hora não importa o que construiu

O que deixou

O que ficou ...

Baixou os olhos

O tempo de vivido acabou

A vida se transformou

Em silêncio.

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 04/03/2018
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