Orgânica

Já nem sei onde começa meu texto e onde se funde com tudo que tenho lido nas últimas semanas. Tudo embaralhou de repente, todos os sinais confundidos, fundidos, encobertos de névoa, tudo se partindo no ar. Ao buscar nova releitura para continuar seguindo, ouço dizer... Bom seria se ao apertar o botão a vida acendesse, mas sem saber qual é o botão, tudo permanece escuro, com um tipo de cisco no olho que faz chocar sem parar. Calada a voz não vibra, sem vontade de nada falar com ninguém. Forçando dentro de si a própria existência. Agora sozinha, antes também, mesmo assim, tentando pelo amor próprio. Tem saudade do futuro desconhecido, o que há lá, uma alegria momentânea, pedaços de outras experiências, mais divertidas, espera que seja. Não, não receia sair de si mesma, o medo não é de vida humana, o receio é de demorar muito tempo nos dias sufocantes da clausura, dos passos parados, no silencioso da realidade, sim a realidade é que é dura e faz doer, que tenta impedir ir ao encontro dos sonhos. Sonhos sempre inspiram recomeçar novamente, seguir os traços do destino, por si só, sobreviver. O destino que quebra as correntes, que impulsiona, faz atravessar raio e trovão. Que deixa receber vibração, que vem salvar, quem estimula sair da transição. No meio de tudo lê: “me dou mal com a repetição: a rotina me afasta de minhas possíveis novidades”. Parece que a frase foi escrita pra mim. “Ela” sentia tudo profundo, como eu. Nesses meses de junho e julho de 2016, os dias amanheceram cinzas, como o meu olhar e a vontade de estar presente. Tudo estranho na minha cabeça, vazio, oco, sem vontade de pensar nem desejo de nada. Como a vida de repente se torna vaga, sem esperança os dias vão, o coração apertado, a expressão sem alegria, baixa, triste. De repente a vida pode ser interrompida, o céu fica cinza, o sol escondido, a garoa, o frio cortando o ar, as cores sem brilho, as possibilidades de retomar o jeito simples de viver, quando? E a leitura vem para reforçar, o instrumento realizador fala: “Solte... a queda será muito menos dolorosa que a dor de se manter preso ao que poderia ter sido, mas não foi. O caminho de ida para a liberdade emocional é construído a partir das pedras que vamos soltando; isto é, de sentimentos e pessoas tóxicas das quais vamos nos desfazendo. Se são mais os desencontros do que os encontros... Solte. Se simplesmente não agrega para sua vida... Solte. Se não traz alegria para sua vida... Solte. Se fala, mas não faz... Solte. Não é mais forte quem mais suporta e sim quem é mais capaz de ‘soltar’.” Sem não o ilumina nem edifica... SOLTE!

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 01/07/2016
Reeditado em 10/07/2016
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