Releitura, minha
“procurar a verdade que me ultrapassa como uma delicadeza de borboleta branca” - *essa frase não é minha, são recortes do livro A hora da estrela, de Clarice Lispector
Tenho em minhas mãos meu destino, a direção está certa, mas a maneira de apreciar o caminho não tem sido boa, posso mudar e vou. Vou ser mais do que eu tenho sido, pois tenho sido tão pouco para mim mesma. Tenho dedicado pouco para minha própria vida. Sinto falta dela. Quero ter outras memórias para recordar. Viver não é pecado. E ainda tenho o corajoso tempo a meu favor, impulsionando para eu viver melhor, viver do jeito que eu quiser, eu recebi essa oportunidade nessa vida. A paixão e o desespero apontando os recursos guardados em minha essência humana. Do principio ao fim à vontade de me descobrir, latejando no peito meio ferido, doido, carente, doente. Mas agora é chegada a hora de sair de vez do tempo do antes, do duro real, do limbo. Para o tempo serenidade, de bondade e mais cuidado e delicadeza comigo. Nesse novo percurso serão vividos outros sabores, outras paixões, outros amores. E tudo de doído será libertado, será entregue ao espaço, ao cosmos, ele cuidará de desmanchar, de diluir o peso carregado até aqui. Toda a gravidade não terá mais como se prender a mim. A exigência, as influências de ser ou não ser, de certo ou errado, tudo que prende no sentido de diminuir, de exagero, de julgamento, de aspectos negativos serão definitivamente absolvidos. Apenas três instrumentos eu não abro mão, eles virão comigo nesse novo jeito de caminhar - a leitura, a escrita, as imagens que me tocam fotografar, as paisagens que meus olhos atraem ver, enxergar, sentir - mais uma vez esses três instrumentos virão comigo, estão comigo, do principio ao fim. Linguagens fortes que mostram as variações de possibilidades para eu me visitar, me recolher, me reconhecer, me dar valor, me reler sempre que eu quiser, sempre que for preciso voltar para mim. Nas palavras escritas posso me ver com outros olhos, perceber significados de outra maneira, valorizar minhas qualidades, como uma autoanálise, como autoconhecimento, auto-ponderamento. Me olhar bem mais, sem me espelhar em ninguém, a não ser a mim mesma, a não ser a mim. Às vidas que já vivi nesta vida, eu peço nesse poema, me deixem - “procurar a verdade que me ultrapassa como uma delicadeza de borboleta branca” (cont.)