D'LOCUPLETO

D’LOCUPLETO

Jardins podem ser as fibras

do anoitecer por entre

qualquer lugar iluminando

como flores sem cheiro

o tempero caminha nas

calçadas nas ruas ladeiras

nos bares compradas

adulteras violados de caos

no convés de cima

agora navegando lentamente

pela terra encontrada

logo a frente ela se debruça

pede um beijo termina

de beber essências frutadas

cada gosto ressente espírito

tem uma gota caída do lado

descendo pelo umbigo

devo segui-la saber

onde ela quer me levar

trairei teu olhar tão belo

singelo amigo carinho

de solidão querendo amar

voltarei logo de lá

trarei água pura

pra desenhar nos teus lábios

um desejo escondido

despe-se o casal

amando-se nas mesas

das trocas de pele

sem certezas

como é lindo o mar

sem naus sem caos

olhando o céu deitado

no azul pintado sem nuvens

“o sal parece tão doce”

logo vem o amanhecer

cantar sonhos mágicos

mesclando trágicos

encontros selos deixados

lembranças heranças

de um querer abrir-se

de novo

“o tardio é um louco

sem volume

tem dias contados

tempo pra mastigar

coisas intocáveis”

túneis fachadas

de luzes alaranjadas

que perfume concreto

do abismo sem rumo

tem uma nota falsa

mas perfura sangra

derrama teu sono

no marasmo da janela batendo

são asas abrindo

de aves fantasmas mentindo

nada daquilo outro dia

por uma sina que não

pertence ao corpo

havia existido

fez tanto por mim na escura

penumbra alada

que o nada tem um doce

perfume feminino

quero provar de novo

este corpo de fada

preenchendo desejos

anseios incômodos vingados

no íntimo.

MÚSICA DE LEITURA: SQÜRL - I'm so lonesome i could cry