Baby poems (desafio)
Flagrante (alegria)
Não é raro que sorria,
e quando o faço
é por força maior.
Maioridade é saber
que a vida é flagrante,
flerto com a felicidade
resido no instante
Se choro é para
liberar o tempo:
líquido.
Baixa pressão (nostalgia)
Resfolego saudade,
esta sensação de senilidade antecipada,
Enquanto sinalizam-me os dias
em passado. Feito vento frio
enrodilham-se redemoinhos
no centro do peito
carregando folhas amarelentas,
pensamentos secos
desta tristeza que
não sei!
Bondage (vaidade)
Colocando as palavras na superfície branca
Olho-as com olhos lascivos
Os rabos serpeantes dos esses,
as curvas arredondadas do ós,
Bes maiúsculos são bocas carnudas!
Prostra-se o corpo do poema e
me adora, pois sou Deus
O sexo é dos anjos, sem sumo,
mas, repleto de um prazer do criador,
do verbo em sua servilidade.
Lâmina infrene (raiva)
Em rompante de rancor,
revoltada, revolve-se a palavra
Às vezes, chora calada,
mas, não é raro,
rasga línguas e gargantas
para cortar almas e razão
Lâmina tirânica, só quer
mortos e feridos
Iracunda!
Revelação (epifania)
Apocalipse é começo dos meus tempos.
Tudo começou quando nos lemos Caio
a mim, e eu a ele
Abreu abriu-me para o mundo de mim
Sibilinas as palavras, enigmáticas de um
moderníssimo mundo novo
Foi quando em primeira vez me vi no espelho
Conversando com meu interlocutor de outros tempos,
intuição em essência:
foi quando escrevi meu primeiro poema.