Baby poems (desafio)

Flagrante (alegria)

Não é raro que sorria,

e quando o faço

é por força maior.

Maioridade é saber

que a vida é flagrante,

flerto com a felicidade

resido no instante

Se choro é para

liberar o tempo:

líquido.

Baixa pressão (nostalgia)

Resfolego saudade,

esta sensação de senilidade antecipada,

Enquanto sinalizam-me os dias

em passado. Feito vento frio

enrodilham-se redemoinhos

no centro do peito

carregando folhas amarelentas,

pensamentos secos

desta tristeza que

não sei!

Bondage (vaidade)

Colocando as palavras na superfície branca

Olho-as com olhos lascivos

Os rabos serpeantes dos esses,

as curvas arredondadas do ós,

Bes maiúsculos são bocas carnudas!

Prostra-se o corpo do poema e

me adora, pois sou Deus

O sexo é dos anjos, sem sumo,

mas, repleto de um prazer do criador,

do verbo em sua servilidade.

Lâmina infrene (raiva)

Em rompante de rancor,

revoltada, revolve-se a palavra

Às vezes, chora calada,

mas, não é raro,

rasga línguas e gargantas

para cortar almas e razão

Lâmina tirânica, só quer

mortos e feridos

Iracunda!

Revelação (epifania)

Apocalipse é começo dos meus tempos.

Tudo começou quando nos lemos Caio

a mim, e eu a ele

Abreu abriu-me para o mundo de mim

Sibilinas as palavras, enigmáticas de um

moderníssimo mundo novo

Foi quando em primeira vez me vi no espelho

Conversando com meu interlocutor de outros tempos,

intuição em essência:

foi quando escrevi meu primeiro poema.

Fernando Béca
Enviado por Fernando Béca em 18/01/2016
Reeditado em 20/01/2016
Código do texto: T5515381
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