Bolacha

Sento-me, cansado,

Tão cansado...

Cansado de tanta metafísica.

Eu como uma bolacha,

E essa bolacha,

Tal como nós,

É devorada por superiores.

Mas, ao contrário de nós

Que exigimos os nossos direitos,

A bolacha não se importa.

Aliás, mantém-se doce,

Para nossa delícia.

Penso na bolacha,

É doce.

E isso é tudo o que preciso.

Não me faz pensar na efemeridade da vida,

Na corrupção, na doença...

Limito-me a trincar a bolacha,

A degustá-la.

Sentir um doce prazer,

Breve, mas bom.

Ezequiel Valadas
Enviado por Ezequiel Valadas em 26/10/2015
Reeditado em 08/11/2015
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