Bolacha
Sento-me, cansado,
Tão cansado...
Cansado de tanta metafísica.
Eu como uma bolacha,
E essa bolacha,
Tal como nós,
É devorada por superiores.
Mas, ao contrário de nós
Que exigimos os nossos direitos,
A bolacha não se importa.
Aliás, mantém-se doce,
Para nossa delícia.
Penso na bolacha,
É doce.
E isso é tudo o que preciso.
Não me faz pensar na efemeridade da vida,
Na corrupção, na doença...
Limito-me a trincar a bolacha,
A degustá-la.
Sentir um doce prazer,
Breve, mas bom.