Fala
Por que te engasgas tanto
Com a minha fala
Se ela é tão seca, tão fria, tão rala?
Te arranhas toda,
Medindo com teus passos, a extensão da sala...
E te imolas, e te matas, e repetes
Mentalmente, sem descanso,
Aquilo que combates...
Por que te irritas tanto
Com meu riso, com meu pranto?
Prometo; não vale a pena
Essa tua comovida dedicação
Àquilo que tanto te depena!
Saio de cena; quem sabe
Esse gosto forte de vinagre
Que disfarças com colheradas generosas
De mel e açúcar cristal,
De bem que suplanta "O Mal"
Estanquem a tua fome diária
Por mais que esta se agrave
Quanto mais sorves
As minhas palavras?